sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013


‘Uma tempestade perfeita’
“O produtor deve estar preparado para esperar o inesperado. Se preparar para o pior e esperar o melhor. 2013 vai ser um ano de louca volatilidade, aonde a informação responsável vai ser muito importante”, Antonio Sartori, diretor da Brasoja Corretora de Cereais



Presente no lançamento da 14ª edição da Expodireto Cotrijal, o diretor da Brasoja Corretora de Cereais, Antonio Sartori, falou sobre a perspectiva da principal comoditie mundial: a soja. Segundo ele, preço e clima são dois pontos cruciais neste momento. O clima está afetando de maneira negativa a produtividade no Rio Grande do Sul, que está cultivando uma área de 4,7 milhões de hectares - tão significativa como no Paraná, que deverá colher 15,5 milhões de toneladas. “Nossa expectativa era do RS produzir 13,55 milhões de toneladas, mas, no momento, mesmo se chover muito bem até a colheita, a produção não deverá superar as 12 milhões de toneladas. Portanto, já temos perda”,

comenta.

Também já estão registradas perdas na safra da Argentina, por causa do atraso no plantio e o excesso de chuva. E isso implica em fator de mercado, porque os estoques mundiais de grãos todos eles, estão apertados. Conforme Sartori, nos últimos 12 meses, a produção mundial de grãos teve uma quebra de 170 milhões de toneladas - é maior do que toda a safra brasileira. “Portanto, temos estoques mundiais apertados de grãos, enquanto a demanda é crescente. Não apenas por alimentos. O agro, hoje, é produtor de alimento e energia. Este é um quadro irreversível”, explica.

O diretor da Brasoja diz que são boas as perspectivas de rentabilidade. Os preços dolarizados estão, historicamente, altos. Nos últimos 30 anos, o produtor gaúcho vendia soja sempre a US$ 14. Hoje, o mercado é comprador a US$ 32 no Porto de Rio Grande, mesmo com frete, ficaria em US$ 28 – o dobro do preço e, mesmo assim, o produtor não vende. Sartori explica que isto está ocorrendo, primeiramente, porque o agricultor brasileiro já vendeu 3,5 milhões de t e isso representa cerca de 30% do que se espera colher. Mas, principalmente, pela incerteza climatológica, que é a grande preocupação. Os negócios não estão sendo fechados.



(Diretor da Brasoja, Antonio Sartori / FOTO ROSA LIBERMAN)

Cenário mundial pode mudar o comércio e o consumo da soja

Pelo menos até o dia 30 de agosto, quando encerra o ano agrícola, o diretor da Brasoja diz que decididamente não haverá mudanças no cenário mundial de comércio e consumo da soja. “Os americanos começam a plantar entre abril e maio. Há um ano, eles enfrentaram a maior seca da história do Sul dos Estados Unidos, Texas e Oklahoma, de tal maneira que os preços da carne vermelha atingiram os patamares mais altos da história dos EUA. Esse clima seco migrou para o centro-oeste, como Ohio e Indiana, causando quebra de 6 milhões de toneladas na soja e mais de 100 milhões de t no milho. E agora, essa bola de seca se deslocou para a zona do trigo. Portanto, o clima é um fator que preocupa muito: seca na Austrália, excesso de chuva Argentina e falta de chuva no RS”, esclarece.
Sartori afirma que a safra nestes países não pode quebrar. “Se quebrar, o mercado não sobe, ele explode. Em contrapartida, se tivermos tempo bom e safra cheia, principalmente no hemisfério norte, quando começa o plantio, entre abril e maio, que é responsável por 90% da produção mundial de cereais,as condições serão diferentes. Os próximos 60 dias terão foco no clima da América do Sul, depois disso, as atenções ficarão sobre o lado Norte do planeta”, destaca.
O ano de 2013 será marcado pela volatilidade, com relação à produção, consumo, estoque e câmbio. Com as avaliações da Brasoja, o clima é a grande preocupação que está afetando a produção gaúcha e, mesmo que ocorram chuvas mais regulares, as perdas registradas são irreversíveis.



(Produtores de olho no clima / FOTO ALESSANDRA PASINATO)


Com relação ao consumo mundial de soja, este não vai reduzir. “Agora o agro virou a página e somos responsáveis não só pela produção de alimentos, mas também de energia. Por isso, temos preços dolarizados mais altos e é mais do que hora do produtor ter receita justa. A sociedade tem que entender que os preços dos alimentos ainda são baratos, mas vão subir e isso não pode ser às custas do produtor”, informa.


Mercados futuros

No que diz respeito ao mercado futuro, Sartori comenta que o produtor que o fez, utilizou o critério de cobrir seus custos de produção. Ele estima que no Estado haja 3,5 milhões de t de soja já comercializadas, tendo em vista a previsão de safra de 12 milhões de t. No Brasil há entre 70% e 80% da safra comercializada. Segundo Sartori, nessa safra, o produtor gaúcho está mais conservador, com relação aos outros
estados do país. A maioria dos agricultores comercializou a saca em torno de R$ 60,00. “A estratégia de cada um é particular, faz sentido vender o que precisa para cobrir os seus custos. Esse risco, o que ocorreu em 2008 a bolsa de Chicago estava US$ 16,60 no dia 8 de julho e em 5 de dezembro estava em US$ 7,77 – ela despencou. Esse ano,dependendo do que vai acontecer nos próximos seis meses, podemos viver o céu ou o inferno. É um risco grande. Temos o fator climático e cambial e, se o produtor puder se proteger e comercializar a um preço historicamente alto, é viável. Quem colher uma lavoura de 50 sacos por hectare e vender a R$ 60 tem receita de R$ 3 mil, sendo que o custo não é de R$ 1,5 mil. Portanto, é um bom negocio. Quem vendeu, vendeu bem”, conclui.

FONTE: www.agrolink.com.br

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