Sinal amarelo: Produtor em alerta
Os produtores estão preocupados com o futuro das lavouras, pois a falta de umidade está coincidindo com o período de maior necessidade de água pela planta. Período é propicio ao aparecimento de oidio que já vem afetando algumas lavouras.
A principal cultura que estampa as lavouras do sul e do Brasil, a soja, vinha apresentando um bom desenvolvimento e trazia boas perspectivas para mais uma safra recorde. A cultura encontra-se 10% na fase de desenvolvimento vegetativo, 70% em floração, 15% em formação de vagens e 5% em enchimento dos grãos. A grande preocupação vem se mantendo no clima e os produtores dia a dia olham para o céu com a esperança de chuva, já que a falta de água está coincidindo com o período de maior necessidade da planta. Os tratos culturais foram suspensos neste período devido a baixa umidade relativa do ar e a falta de umidade está causando estresse nas plantas, nas horas mais quentes do dia as plantas murcham e viram as folhas.
Para o engenheiro agrônomo da Emter RS/Ascar, Cláudio Doro, a soja está em um período crítico, onde demanda mais água. “Existe essa necessidade hídrica e estamos com problemas devido a falta de umidade. Choveu bem em janeiro até o dia 09 e depois disso tivemos apenas 3,7mm de chuva em 20 dias” (matéria publicada em 01/02), explica ele. Doro comenta que as temperaturas noturnas ficam em 15ºC, mas que as diurnas chegam a 33ºC. “São de 13h a 14h de luz por dia, então a vapotranspiração é muito grande, por isso a soja está em um momento crítico que faz acender o sinal amarelo de alerta, pelo momento delicado”, avalia ele.
Doenças da soja
De acordo com Doro, em virtude do clima seco as doenças não evoluíram. “Temos na região 13 casos de ferrugem asiática. Ela não evolui porque não tem umidade e essa doença se desenvolve com o clima quente e úmido, precisando ter molhamento superficial de seis horas consecutivas, o que não tem acontecido”, avalia. Segundo ele, a ferrugem não é problema e os produtores já fazem aplicações preventivas na planta que está imunizada e não propaga doenças.
Outra doença que afeta a cultura, conforme Doro é o oidio, um mofo branco que aparece nas folhas e se manifesta nesse clima seco que vivenciamos, abrindo portas para que outras doenças se instalem na planta. “Existem culturas mais suscetíveis a desenvolver a doença, dependendo da cultivar. O produtor tem que ficar atento e fazer a aplicação de fungicida no começo da manhã ou final da tarde, porque durante o dia para poder se proteger do sol a planta fecha os estômatos, se encolhe, murcha, vira as folha e isso dificulta a penetração do fungicida”, explica.
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(Oidio, mofo branco que aparece nas folhas, é uma das doenças que afeta a soja no clima seco / FOTO DIVULGAÇÃO)
Déficit hídrico
Segundo o agrônomo, a grande preocupação é com a falta de chuva. “A deficiência hídrica é de 50mm menos do que a média. Se continuar, vai trazer prejuízos. O agricultor foi mal no ano passado com quebra pela seca e no trigo e cevada com a geada, foi um fracasso. Todas as fichas foram apostadas na soja, já que a geada de 26 de setembro pegou o milho”, destaca ele.
Conforme Doro, a soja precisa pagar o custo da lavoura, os investimentos, as dívidas anteriores de duas safras quebradas tanto a de verão como a de inverno do ano passado e, para ele, a falta de chuvas é preocupante. “O reflexo está na indústria, prestação de serviços e em todo o setor econômico que é afetado. Até o comércio sente queda nas vendas. Vamos torcer para que a agricultura vá bem, para girar a economia. Dentro da porteira, o agricultor investiu, o incontrolável é o clima que está prejudicando a cultura. Se chover, ainda podemos ter uma boa safra na região”, finaliza.
No campo
Conforme a técnica de Desenvolvimento de Mercado da BASF em Passo Fundo, Nara Morai, a cultura está na fase de florescimento, período em que a planta tem maios fragilidade no ataque de doenças. “No momento temos detectado a presença de oidio, devido a questão de clima e, também a presença de ferrugem da soja, duas doenças presentes nas lavouras, porém em algumas com mais e outras com menos intensidade, dependendo do manejo dos produto”, afirma ele, considerando que é mais usual a presença do oidio, no entanto alerta que a ferrugem preocupa mais. “Ela é mais agressiva e traz maiores prejuízos, porque não é possível visualizar e, quando aparece, o dano já é grande. Já o oidio tem um controle mais fácil”, comenta.

(Digilab auxilia na identificação dos sintomas das principais doenças, pragas e plantas daninhas / FOTO DIVULGAÇÃO)
Tratamento completo
Segundo ela, a BASF trabalha as culturas com um sistema onde o manejo utiliza vários produtos, que começa desde o tratamento da semente, passando pela prevenção de doenças e garantia de produtividade. “O Sistema AgCelence® Soja Produtividade Top é um modelo de manejo completo, pois, além do controle fitossanitário, possibilita uma melhor transformação da água, luz e nutrientes em energia e grãos. O programa utiliza os produtos fungicida/inseticida Standak® Top, o fungicida Comet® e o consagrado fungicidaOpera®, que já tratou mais de 133 milhões de hectares no Brasil desde o seu lançamento há cerca de 10 anos”, explica ela.
O tratamento é completo com o uso do AgroDetecta, que atua por meio do monitoramento agrometeorológico, que é realizado por uma rede de estações meteorológicas associadas ao processamento das informações inseridas através de modelos matemáticos de previsão de ocorrência de doenças. Desta forma, o sistema consegue indicar previamente o momento mais adequado para efetuar o controle. Além do Digilab, que auxilia na identificação dos sintomas das principais doenças, pragas e plantas daninhas em diferentes culturas, com o auxílio de um microscópio digital para capturar a imagem e de uma biblioteca virtual de saúde vegetal para consultar e comparar as imagens capturadas.
Perspectivas
Para Nara, as perspectivas até o momento são de uma boa safra, dependendo das condições climáticas, que vinham favoráveis. Com relação as doenças ela avalia que tem observado o manejo preventivo ou tratamento ainda na fase inicial. “As lavouras estão protegidas, não tem doenças visíveis e isso se dá pelo manejo antecipado. É preciso proteger a lavoura do plantio a colheita”, frisa. De acordo com ela, é preciso a tomar decisão correta em relação as ferramentas utilizadas na lavoura, visando melhora no condicionamento das plantas sem desperdícios e com ganhos que resultam em rentabilidade.
FONTE: www.diariodamanha.com